Fellipe Bastos projeta carreira, cita atrito com Sá Pinto e vê falta de identidade: "Vasco não é Disney"

 

Sem clube desde dezembro, volante diz que Campello lhe garantiu que seria reintegrado após discussão com português e aponta saída de Ramon como grande motivo para a queda


Vice-artilheiro do Vasco em 2020 ao lado de Ribamar, com quatro gols, Fellipe Bastos não teve seu contrato renovado com o clube em dezembro. Uma discussão com o treinador Ricardo Sá Pinto, que acabou demitido no mesmo mês, motivou o término da quarta passagem do volante por São Januário.


Três meses depois, em longa entrevista ao ge, o jogador de 31 anos detalhou o atrito com o técnico português, acusou a diretoria comandada pelo ex-presidente Alexandre Campello de não cumprir com o que lhe prometeu e elencou pontos centrais que, em sua opinião, levaram o clube ao quarto rebaixamento de sua história no Brasileirão.


Atualmente analisando possibilidades para seguir a carreira, Bastos acredita que o erro crucial do comando do futebol vascaíno foi a demissão de Ramon Menezes, no início de outubro. Disse acreditar também que a queda deu-se pela não absorção das ideias de Sá Pinto e em função de contratações de jogadores sem identificação com o clube, para quem revelou ter falado à época: "O Vasco não é Disneylândia".


Fellipe Bastos encerrou passagem pelo Vasco em dezembro — Foto: André Durão/ge


A saída de Bastos começou a se desenhar em 3 de dezembro, quando foi impedido pela Conmebol de participar da derrota por 1 a 0 para o Defensa y Justicia, que eliminou o Vasco nas oitavas de final da Copa Sul-Americana - tinha sido diagnosticado com a Covid-19 dias antes. O jogador foi barrado por seguranças da Conmebol em São Januário, local que considera sua casa, e, incomodado como o processo foi conduzido, teve de ir à sala de Sá Pinto no dia seguinte para ouvir explicações e cobranças do português. O tom subiu, e o caldo entornou.


Sá Pinto, ex-técnico do Vasco — Foto: André Durão / ge


Conhecido pelo temperamento explosivo, Sá Pinto começou a gesticular e apontou o dedo a Fellipe, segundo relato do volante. Foi o fim da conversa, já que, no entendimento do jogador, o treinador passara do ponto ali:


Terminada a discussão, Bastos contou que procurou o então diretor executivo de futebol, André Mazzuco. O jogador disse que, após conversas com Mazzuco e o ex-presidente Campello, sentiu-se tranquilo de que seguiria em São Januário. A expectativa, porém, não se confirmou tanto que, ao lembrar do episódio, afirmou que algumas pessoas lhe mentiram o tempo todo.


Em casa enquanto define seu futuro no futebol, Bastos, que, aos risos, projeta mais 10 anos de carreira,curte o momento "de motorista dos filhos", Giovanna e Matheus, também esportistas. E, no papo de quase uma hora com o ge, contou o quanto sofreu com o rebaixamento e a saída do Vasco, que lhe fez chorar diversas vezes.


Por Fred Gomes, Hector Werlang e Marcelo Baltar — Rio de Janeiro

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