Análise: com cara de treino, Flamengo não faz força para vencer o Bangu em jogo de um time só

 

Partida se desenvolve toda no campo ofensivo rubro-negro. Time de Rogério Ceni se impõe, empilha chances desperdiçadas e faz 3 a 0 com gols do trio Gabi, Bruno Henrique e Arrasca



“Pô, Pedrão, definitivamente não dá. É muito ensaiado. Os caras ficam falando uns bagulhos que você não entende nada: ‘Movimenta, movimenta, toca, pula uma casa’. Você não sabe nem que po** é essa. Pula uma casa? Aí, pum, pum, pum, uma toqueira do ca***. ‘Arrasca, entra no três. Tem que entrar na movimentação do três’. Caramba! Tu não entende nada”.


O áudio é do ano passado, do lateral Everton Silva, então no Boavista, após o jogo com o Flamengo, mas serve para explicar um pouco do que é o atual bicampeão neste Carioca. Não há competitividade. Sobra muito na turma.


Comemoração do Flamengo na partida contra o Bangu — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo


Antes que os mais rígidos gritem, não estamos comparando o time de Ceni com o de Jorge Jesus (aquilo dificilmente vai se repetir). A questão é que o 3 a 0 sobre o Bangu, na noite de quarta, no Raulino de Oliveira, mostra a superioridade rubro-negra em relação aos times do Estadual mais uma vez.


A exibição em Volta Redonda definitivamente serviu como um treino - e de ataque contra defesa. O Bangu praticamente não assustou e o jogo se deu quase todo no campo de ataque rubro-negro. Mais precisamente, pela direita.


A jogada de ultrapassagem entre Ribeiro e Isla foi muito executada e funcionou. O chileno, porém, estava com o pé descalibrado e foi pouco efetivo. Nada que o Flamengo não resolvesse com improvisos.


Sem espaços diante de um Bangu muito bem postado, o Flamengo até tinha paciência para girar o jogo, mas esbarrava no ônibus branco e vermelho estacionado na frente da área. A solução era jogar pelo alto, e assim foi.


Filipe Luís acertou a trave, Gabigol obrigou grande defesa do goleiro, até que Bruno Henrique furou o ferrolho. Sim, também na base da bola aérea e também pela direita, após cruzamento de Diego.


Rogério Ceni durante a vitória do Flamengo sobre o Bangu — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo


O segundo tempo seguiu em ritmo de treino e gols em jogadas pelo meio. Arrascaeta primeiro usou a genialidade, Gabigol fez valer o oportunismo, e o Flamengo deu boas-vindas a mais um ano. Tal qual em um coletivo no CT, Rogério trocou peças no final: João Gomes e Bruno Viana foram os mais observados e retribuíram a expectativa.


Diante da inoperância ofensiva do Bangu, as avaliações são mais técnicas do que táticas. Mas o Flamengo se desenha tão forte quanto o do ano passado, mais ainda no cenário estadual.


Se o adversário não impõe resistência, a partida de Volta Redonda serviu ao menos de termômetro para um time que sobra na turma do Rio de Janeiro.


Por Cahê Mota ge— Rio de Janeiro

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